Crise Hídrica no Sudeste
Racionamento atinge SP e MG após estiagem histórica com impactos na agricultura e abastecimento urbano
*Por Davi Medeiros Santos*
SÃO PAULO/MINAS GERAIS – Após nove meses de chuvas abaixo da média, os estados de São Paulo e Minas Gerais decretaram nesta segunda-feira (15) regime emergencial de racionamento de água. A medida, que afeta 12 milhões de pessoas, surge em resposta aos níveis críticos dos principais reservatórios da região, com destaque para o Sistema Cantareira (SP), operando com apenas 31% da capacidade, e a Represa de Furnas (MG), com alarmantes 18%.
Impactos Imediatos
- Em São Paulo, 86 municípios adotaram rodízio de 48 horas sem abastecimento a cada cinco dias.
- Minas Gerais restringiu o uso industrial e agrícola em 34 cidades, priorizando hospitais e escolas.
- Agricultores do Triângulo Mineiro relatam perdas de até 40% nas lavouras de café e milho.
Causas Estruturais
Especialistas apontam a combinação de fenômenos climáticos extremos com falhas na gestão hídrica. "Esta é a pior seca desde 1950", afirma a meteorologista Aline Oliveira, do INMET. "La Niña prolongado e desmatamento na Amazônia reduziram os 'rios voadores' que alimentam o Sudeste".
Reações
Enquanto o governo federal anuncia verbas para perfuração de poços artesianos, moradores enfrentam realidades duras. "Armazenamos água em baldes há semanas", desabafa Maria Lúcia, dona de casa em Ribeirão Preto (SP). Empresas de turismo cancelaram pacotes para cidades como Monte Verde (MG), onde rios secaram.
Perspectivas
A previsão de chuvas só em outubro mantém o alerta máximo. O Ministério Público instaurou inquérito para apurar responsabilidades por falhas nos planos de contingência.